quinta-feira, julho 07, 2005

Culpa tua (ou minha)

Hoje sonhei contigo
e tive um pesadelo.

E quando acordei senti-me mal
com aquela reacção quase animal
de quem está no meio da teia
ou dentro de um novelo.

E o dia foi passando
tristemente morno,
castamente frio
num arrepio de sombras
de fantasmas mortos.

E só ao anoitecer
quando o escuro me estendeu os braços
na protecção do medo

é que eu me despertei
e percebi
que era supenor
a este amor
que um dia recusaste
E vou esquecer.

(Manuela Amaral, 1934-1995, Portugal
in "En Nome de Nada", Fora do Texto, 1996)