terça-feira, agosto 09, 2005

Meu amor da Rua Onze

Tantas juras nos trocámos,
Tantas promessas fizemos,
Tantos beijos nos roubámos,
Tantos abraços nós demos.

Meu amor da Rua Onze,
Meu amor da Rua Onze,
Já não quero
Mais mentir.

Meu amor da Rua Onze,
Meu amor da Rua Onze,
Já não quero
Mais fingir.

Era tão grande e tão belo
Nosso romance de amor
Que ainda sinto o calor
Das juras que nos trocámos.

Era tão bela, tão doce
Nossa maneira de amar
Que ainda pairam no ar
As promessas que fizemos.

Nossa maneira de amar
Era tão doida, tão louca
Qu'inda me queimam a boca
Os beijos que nos roubámos.

Tanta loucura e doidice
Tinha o nosso amor desfeito
Que ainda sinto no peito
Os abraços que nos demos.

E agora
Tudo acabou.
Terminou
Nosso romance.

Quando te vejo passar
Com o teu andar
Senhoril,
Sinto nascer

E crescer
Uma saudade infinita
Do teu corpo gentil
De escultura
Cor de bronze
Meu amor da Rua Onze.

(Aires de Almeida Santos, 1921-1992, Angola
in "Antologia Temática de Poesia Africana 1
na noite grávida de punhais"
de Mário de Andrade
Livraria Sá da Costa, Lisboa, 1975)