Hoje sonhei contigo
e tive um pesadelo.
E quando acordei senti-me mal
com aquela reacção quase animal
de quem está no meio da teia
ou dentro de um novelo.
E o dia foi passando
tristemente morno,
castamente frio
num arrepio de sombras
de fantasmas mortos.
E só ao anoitecer
quando o escuro me estendeu os braços
na protecção do medo
é que eu me despertei
e percebi
que era supenor
a este amor
que um dia recusaste
E vou esquecer.
(Manuela Amaral, 1934-1995, Portugal
in "En Nome de Nada", Fora do Texto, 1996)