Quando eu me sento à janela
P'los vidros que a neve embaça
Vejo a doce imagem dela
Quando passa... passa... passa...
Lançou-me a mágoa seu véu: -
Menos um ser neste mundo
E mais um anjo no céu.
Quando eu me sento à janela,
P'los vidros que a neve embaça
Julgo ver a imagem dela
Que já não passa... não passa...
(Fernando Pessoa, 1888-1935, Portugal
in "Cancioneiro")