Tenho a saúde doente.
Tenho a barriga nos ombros
e a cabeça no ventre.
Tenho os pulmões nos ouvidos
e o coração está na boca.
Penso com os pés
com as mãos
e no meio da confusão
ando de pernas para o ar.
Tenho a saúde doente
por ser poeta
e ser louca.
(Manuela Amaral, 1934-1995, Portugal
in "Tempo de Passagem, 1991)